sábado, janeiro 05, 2008

Chorando as pitangas

Antes eu tinha uma auto-definição, hoje estou sob confusão interna eterna.

Não que eu tenha desistido de minhas antigas convicções, mas agora tenho mais, e outras.

Isso me torna um ser sempre incompleto, depressivo e inconformado com tudo o que vejo.

Sempre contraditório, sempre ignorante, sempre em busca de algo que eu nunca alcançarei antes que a terra me consuma...

O conhecimento de que preciso para entender toda essa merda barbárie que acontece por aqui.

E eu não dedico minha vida aos estudos. Eu até gostaria, mas a preguiça faz parte do meu ser.

Então, chego à conclusão de que não mereço tais conhecimentos, já que tantos sábios dedicaram suas vidas a eles, mas no final morreram sem poder acompanhar o rumo de suas descobertas.

Mas não quero ser persuadida por dominadores sanguessugas com dinheiro que lhes dá pseudo poder. Eu quero ser guiada pelas minhas próprias descobertas, pelos meus próprios pés.

Mas isto é impossível! Toda a bagagem cultural que carrego foi adquirida pelas experiências de antepassados.

É impossível caminhar sozinha. É impossível descobrir sozinha.
Mas é possível conformar-se sozinha.
Eis que sou contraditória.

Quer saber? Não quero saber.
Eu não sei o que sou, não sei o que quero.
Só sei que sou eu que quer ser o que quero.
Não quero mais escrever.

Quero parar de tentar fazer rimas.
Eu não sei rimar.
Andar pelas colinas...
Até o sol raiar.

Isso é bem idiota, não?
Nesse ponto já não há nenhuma relação com o tema que comecei.

Eu não sirvo para escrever.
Mas tem muita gente que não serve mesmo para escrever.
Então eu até sirvo para escrever.

Escrevo para mim mesma, pois sei que poucos têm paciência e interesse em saber como estou, como vou.
É, eu também não tenho.

Eu já pensei em escrever um livro.
Há! Há! Seria um fracasso.
Seria um livro egocêntrico ou um livro com muitas pitangas choradas.
Nem eu leria essa porcaria.

[Danielle Bandeira]

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