Hoje eu vou contar um pouco da história da minha infeliz infância e de como eu aprendi a amar meu nariz proeminente.
Da infância até a adolescência eu sofri o famoso e inescrupuloso "bullying" escolar. Eu era a típica garota isolada e estudiosa que sentava na primeira carteira, sendo a queridinha dos professores e a odiada pelos colegas.
Dentre todas as ofensas que eu era obrigada a escutar dezenas de vezes ao dia, nenhuma machucava tanto quanto quando me chamavam de "nariguda" e "narigão".
Havia uma garota que orquestrava a sala e fazia todos os meus colegas, eu disse todos, cantarem musiquinha depreciativa. Ela fez da minha vida escolar um inferno por vários anos, pois afastava as pessoas que se aproximavam de mim e, apesar de também ter um nariz grande, poucas vezes foi motivo de chacota entre os colegas, pois ela ria de si mesma enquanto eu ficava quietinha, por vezes fingindo que ignorava para tentar fazê-los parar, outras chorando na frente de todo mundo.
Eu me sentia destruída, andava de cabeça baixa para não chamar a atenção, jogava o cabelo na frente do meu rosto, não suportava que me olhassem de lado, muito menos que tirassem foto desse ângulo. Eu achava que as pessoas não fossem gostar de mim por causa do nariz e que nenhum garoto fosse querer namorar comigo.
Aguentei calada por muito tempo, até que minha mãe começou a perceber minhas notas baixas e meu medo de ir para a escola. Mesmo assim não contava tudo, pois tinha vergonha que ela me defendesse. Não adiantava nada ter carinho e apoio de adultos, pois o mundo de uma criança é aquele com pessoas de sua idade, em que a opinião delas é a única coisa que importa.
O padrão estético imposto principalmente pela grande mídia é aceito pelas pessoas de forma tão fácil que elas tornam-se preconceituosas e passam a excluir e humilhar quem está fora dele. Todos passam a buscar um rosto simétrico e perfeitinho entupindo-se de maquiagem para tentar esconder as ditas imperfeições, submetendo-se a cirurgias para corrigir "problemas" mais profundos. Como diz o senso comum: tudo pela beleza.
As mulheres, principalmente, são escravas da imposição machista do padrão estético ideal. É para atingir esse padrão que elas passam horas no cabeleireiro, na manicure, na academia, no esteticista. É para atingir esse padrão que elas fazem lipoaspiração, cirurgias, colocam silicone e botox. É uma multidão de pessoas sendo manipuladas, sofrendo apenas para serem aceitas por seus opressores. O pior de tudo é ver os efeitos disso no ambiente escolar, na época em que as pessoas começam a formar suas identidades.
O importante é que hoje eu amo meu nariz e não quero fazer nenhuma cirurgia para remodelar o pobrezinho. Ele faz parte de mim e me torna uma pessoa única. Por que eu destruiria minha identidade apenas para agradar aos olhos de uma sociedade que me julga, que me oprime?
Não mesmo! Eu consegui me libertar.
Hoje eu sou livre para ser eu mesma.
Doa a quem doer.
Da infância até a adolescência eu sofri o famoso e inescrupuloso "bullying" escolar. Eu era a típica garota isolada e estudiosa que sentava na primeira carteira, sendo a queridinha dos professores e a odiada pelos colegas.
Dentre todas as ofensas que eu era obrigada a escutar dezenas de vezes ao dia, nenhuma machucava tanto quanto quando me chamavam de "nariguda" e "narigão".
Havia uma garota que orquestrava a sala e fazia todos os meus colegas, eu disse todos, cantarem musiquinha depreciativa. Ela fez da minha vida escolar um inferno por vários anos, pois afastava as pessoas que se aproximavam de mim e, apesar de também ter um nariz grande, poucas vezes foi motivo de chacota entre os colegas, pois ela ria de si mesma enquanto eu ficava quietinha, por vezes fingindo que ignorava para tentar fazê-los parar, outras chorando na frente de todo mundo.
Eu me sentia destruída, andava de cabeça baixa para não chamar a atenção, jogava o cabelo na frente do meu rosto, não suportava que me olhassem de lado, muito menos que tirassem foto desse ângulo. Eu achava que as pessoas não fossem gostar de mim por causa do nariz e que nenhum garoto fosse querer namorar comigo.
Aguentei calada por muito tempo, até que minha mãe começou a perceber minhas notas baixas e meu medo de ir para a escola. Mesmo assim não contava tudo, pois tinha vergonha que ela me defendesse. Não adiantava nada ter carinho e apoio de adultos, pois o mundo de uma criança é aquele com pessoas de sua idade, em que a opinião delas é a única coisa que importa.
Durante essa fase, em alguns momentos tive pensamentos suicidas, mas na maior parte do tempo eu sentia vontade de matar todos os que me causavam mal.
Levei muitos anos para superar a vergonha do meu nariz, que é apenas uma pequena parte do problema. Muitas outras coisas ainda persistem, por isso faço terapia há cerca de 4 anos.
O padrão estético imposto principalmente pela grande mídia é aceito pelas pessoas de forma tão fácil que elas tornam-se preconceituosas e passam a excluir e humilhar quem está fora dele. Todos passam a buscar um rosto simétrico e perfeitinho entupindo-se de maquiagem para tentar esconder as ditas imperfeições, submetendo-se a cirurgias para corrigir "problemas" mais profundos. Como diz o senso comum: tudo pela beleza.
As mulheres, principalmente, são escravas da imposição machista do padrão estético ideal. É para atingir esse padrão que elas passam horas no cabeleireiro, na manicure, na academia, no esteticista. É para atingir esse padrão que elas fazem lipoaspiração, cirurgias, colocam silicone e botox. É uma multidão de pessoas sendo manipuladas, sofrendo apenas para serem aceitas por seus opressores. O pior de tudo é ver os efeitos disso no ambiente escolar, na época em que as pessoas começam a formar suas identidades.
O importante é que hoje eu amo meu nariz e não quero fazer nenhuma cirurgia para remodelar o pobrezinho. Ele faz parte de mim e me torna uma pessoa única. Por que eu destruiria minha identidade apenas para agradar aos olhos de uma sociedade que me julga, que me oprime?
Não mesmo! Eu consegui me libertar.
Hoje eu sou livre para ser eu mesma.
Doa a quem doer.